Total ou nenhuma coincidência?
O primeiro clássico do Campeonato Pernambucano 2025 ficou marcado pela polêmica do segundo gol anotado pelo Náutico contra o Santa Cruz, nesse sábado, nos Aflitos, após Bruno Mezenga ter matado a bola com o braço e passado para Paulo Sérgio, que balançou a rede coral. A falha na interpretação do lance da árbitra Débora Cecília e do bandeirinha José Romão, que culminou na derrota tricolor e garantiu a vitória alvirrubra por 2 a 1, poderia ter sido corrigida, caso houvesse a atuação do VAR – vetada nesta primeira fase da competição.
Péssimo para o Santa, que colecionou mais um tropeço diante do rival, excelente para o Timbu, que manteve o tabu de invencibilidade contra um dos seus principais adversários históricos. A polêmica da vez vem apenas a robustecer ainda mais a gama de lambanças protagonizadas pela Federação Pernambucana de Futebol, que tem como mandatário há quase 15 anos, Evandro Carvalho.
Com discursos e posturas abomináveis para quem ama o esporte mais praticado no planeta, Evandro vem mandando e desmandando na competição já há muito tempo, exercendo uma política cada vez mais ditatorial e avolumando ainda mais a dependência dos clubes pernambucanos em relação à própria FPF, com o repasse de empréstimos praticamente impossíveis de serem honrados ante às atuais situações financeiras de cada um deles.
Vale lembrar que, em contrapartida, as equipes também são obrigadas a pagar taxas à Federação provenientes de suas bilheterias, além de quitar taxas de ações administrativas, como registros contratuais e rescisões, sem falar nos custeamentos elevados durante as realizações de partidas. Ou seja, na prática, as equipes se encontram literalmente “nas mãos” do mandatário e da “sua entidade”.
Assim como ocorreu nas temporadas anteriores, mais uma vez, as “sugestões” repassadas pelo mandatário no arbitral do Estadual foram aprovadas por quase e completa unanimidade pelos times participantes durante as votações, desta vez em 2025, e o VAR ficou novamente de fora desta fase inicial do campeonato, ou seja, sequer foi incluído nos clássicos.
E qual clube seria maluco de discordar, tamanha dependência financeira junto à FPF e consequentemente ao seu presidente? Do contrário, pode contar, seria retaliação na certa! Embora tenha obtido um superávit de R$ 6 milhões, sendo o saldo mais positivo da história em 2023 – o balanço financeiro de 2024 ainda não foi divulgado no seu site oficial -, a Federação, encabeçada por Evandro, vetou o emprego do VAR alegando, mais uma vez, o custeamento elevado para utilização.
O que contradiz totalmente com a receita cada vez mais robusta registrada nos cofres da FPF. Desta vez foi o Santa Cruz o prejudicado, amanhã poderá ser qualquer outro clube, que continua baixando a cabeça e carregando consigo o pires nas mãos, batendo continência e aplaudindo de pé os desmandos de seu Evandrão, que já está até “emprestando” o seu nome para apelidar o centenário Campeonato Pernambucano de Futebol. Total ou nenhuma coincidência?

O sol com a peneira
Querendo tapar o sol com a peneira, tamanha repercussão negativa, a Comissão Estadual de Árbitros de Futebol de Pernambuco (Ceaf/PE), que é vinculada à FPF, decidiu afastar a árbitra Débora Cecília e o bandeirinha José Romão, ambos juízes do Clássico das Emoções entre Náutico e Santa Cruz, nos Aflitos.
Justificativa
Em nota, a Ceaf justificou que “a complexidade e a dificuldade de percepção do toque de mão pela árbitra principal foram consideradas. No entanto, entendemos que o Árbitro Assistente 1 (AA1) poderia ter auxiliado para a correta identificação e marcação da infração”. O afastamento por tempo indeterminado de ambos os profissionais, segundo a Comissão, visa reforçar a capacitação técnica e garantir a evolução contínua da arbitragem em Pernambuco.


Dois lados