Chamado de omisso pela própria base aliada do Governo Federal, por não ter tomado providências para deter o esquema criminoso de bilhões que se estendeu por anos no INSS, Carlos Lupi (PDT) se antecipou e pediu demissão para não ser demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante audiência ocorrida, na tarde dessa sexta-feira (2), no Palácio do Planalto.
Para o seu lugar, Lula escolheu Wolney Queiroz, que apesar de ser o braço direito do líder nacional do PDT no Ministério da Previdência, como o seu até então secretário executivo e também apontado como omisso, ganhou a cadeira principal do Ministério.
A mudança, que na prática apenas serviu para retirar Lupi do foco das atenções tamanha repercussão negativa em todo o país, mantendo ainda o PDT no comando da pasta, foi questionada por vários veículos de comunicação nacionais, que definiram a troca do Nº 1 pelo Nº 2, em suma, como seis por meia dúzia!
Com a nomeação de Wolney, ex-deputado federal caruaruense, algumas perguntas ficaram no ar e que certamente deverão respingar, posteriormente, no próprio governo petista: Se ele era o executivo, não sabia também que o esquema vinha ocorrendo? O que o novo ministro fez para tentar reverter essa situação, durante o período do esquema, enquanto integrante do alto escalão da Previdência?
Será que os milhares dos aposentados e pensionistas brasileiros que foram lesados enxergarão em Wolney, um secretário capaz para reverter o maior escândalo registrado na história do INSS? Somente o tempo dirá, mas se não der certo, seguindo o raciocínio de Lula, é só trocar o Nº1 pelo Nº2 pedetista do governo.
Tão logo foi anunciada a exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney, as publicações de jornais do país foram tomadas por comentários negativos por parte dos brasileiros.
Folha de Pernambuco O Globo Diario de PE
Presente em reunião
De acordo com matéria de O Globo, publicada na noite dessa sexta-feira (2), o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, estava presente na reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), em junho de 2023, na qual o governo foi alertado sobre problemas nos descontos feitos em mensalidades de aposentados e pensionistas do INSS. A pasta só agiu quase um ano depois. Na ocasião, Lupi limitou-se a dizer que a “solicitação era relevante”, mas barrou o debate naquele dia sob o argumento de que “seria necessário realizar um levantamento mais preciso” sobre o caso.
Ministro decorativo?
Mesmo assumindo o Ministério da Previdência, Wolney não exercerá quase ou nenhuma influência em relação ao comando do INSS. Isso porque, o presidente Lula deu carta branca para o novo presidente do Instituto, Gilberto Waller Júnior, fazer as modificações que considerar necessárias no órgão. Assessores presidenciais dão como certa a reformulação da autarquia e troca de seus diretores. Lula nomeou Waller para o cargo na quarta (30), após o antecessor, Alessandro Stefanutto, ser demitido em razão de fraudes no INSS investigadas pela PF.
CPI pela frente
Agindo em consonância com o seu líder Lupi, ou seja, sem tomar ou indicar qualquer providência para que o esquema fraudulento pudesse ser cessado, agora, o novo ministro da Previdência terá de encarar de frente os desdobramentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que foi requerida por deputados da oposição, na última quarta-feira (30), a fim de se investigar o envolvimento de sindicatos e servidores do governo na fraude do INSS.
DNA de escândalos
Em paralelo ao atual escândalo no INSS, em que assim como Lupi foi apontado como omisso, no DNA político de Wolney Queiroz também corre nas veias o exemplo de seu pai, Zé Queiroz, que quando prefeito de Caruaru, no seu último mandato, ficou constatada a falta de repasses de contribuições patronais e a utilização indevida de recursos no CaruaruPrev, causando um prejuízo financeiro na ordem dos R$ 77 milhões aos cofres do Prefeitura.