A Justiça Federal decidiu, nesta quinta-feira (20), manter a prisão do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, detido pela Polícia Federal durante a Operação Compliance Zero, que apura um esquema de fraudes financeiras envolvendo a emissão de títulos falsos e prejuízos bilionários.
A decisão foi tomada pela desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que rejeitou um pedido liminar apresentado pela defesa para colocar o banqueiro em liberdade.
Indícios de gestão fraudulenta e risco às investigações
Segundo a magistrada, a prisão preventiva foi decretada com base em “indícios veementes de gestão fraudulenta e organização criminosa”. Ela ressaltou que os elementos reunidos pelo Ministério Público e pela Polícia Federal indicam um comportamento reiterado dos investigados para atrapalhar as investigações, o que, para o TRF-1, impede a revogação da prisão neste momento.
Além do pedido liminar negado, um habeas corpus apresentado pela defesa de Vorcaro também será analisado pelo tribunal, mas ainda sem data definida.
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Títulos falsos e promessa de ganhos irreais
Vorcaro e outros seis executivos foram presos na última segunda-feira (17) em ação coordenada pela PF contra fraudes no Sistema Financeiro Nacional. Eles são investigados por:
gestão fraudulenta;
gestão temerária;
organização criminosa;
emissão e venda de títulos de crédito falsos.
O grupo teria comercializado papéis fraudulentos ao BRB (Banco de Brasília) e vendido CDBs com rentabilidade até 40% acima do mercado – promessa considerada irreal pelos investigadores. Segundo a PF, o esquema pode ter movimentado R$ 12 bilhões.
No total, a operação cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e sete prisões, em ações realizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.
Prisão ocorreu após avanço em negociações de venda do banco
A prisão de Vorcaro ocorreu horas depois de o consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master, negócio que foi automaticamente interrompido quando o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição e determinou a indisponibilidade dos bens de seus controladores.
A liquidação veio pouco mais de um mês após o BC rejeitar outra tentativa de compra do Master, feita pelo BRB.
Argumentos da defesa: “sem risco de fuga”
A defesa de Daniel Vorcaro sustenta que:
não há risco de fuga, já que o banqueiro tem esposa e filho no Brasil;
ele estava proibido pela Justiça de gerir instituições financeiras, reduzindo qualquer risco de continuidade delitiva;
as buscas e apreensões já foram concluídas;
Vorcaro viajava a Dubai para reunião com investidores, e sua rota de voo foi apresentada à PF;
a liquidação do Banco Master pelo BC seria um fator que retira justificativa para a prisão preventiva.
Os advogados também tentam substituir a prisão por medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.
Monitoramento e suspeita de fuga
Vorcaro foi preso no Aeroporto de Guarulhos, por volta das 22h de segunda-feira, quando se preparava para embarcar ao exterior. Segundo a PF, ele estava sendo monitorado e a ação foi antecipada para evitar uma possível fuga.
O TRF-1 deve analisar o habeas corpus nos próximos dias, mas, por ora, o entendimento da Corte é de que a manutenção da prisão é necessária para:
garantir a ordem pública,[
evitar interferências nas investigações,
e impedir eventual fuga.
A investigação segue em curso, com foco na atuação do Banco Master e no suposto esquema que teria enganado investidores e movimentado cifras bilionárias.