O PDT em Pernambuco atravessa uma das alterações mais significativas de sua estrutura partidária nas últimas décadas. O presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, decidiu destituir o então presidente estadual, Zé Queiroz, e o vice-presidente, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, além de dissolver toda a composição do diretório estadual. A decisão, oficializada na semana passada, encerra um ciclo de mais de 30 anos de influência da família Queiroz no comando do partido no estado.
Lupi nomeou uma comissão provisória para conduzir o PDT-PE e assumiu ele próprio a presidência estadual interina. A nova estrutura reúne quadros alinhados à direção nacional e deve permanecer até novas deliberações previstas para esta sexta-feira (5) e sábado (6), no Rio de Janeiro, quando serão avaliados diretórios provisórios de diferentes estados.
A intervenção foi confirmada dias depois, em 25 de novembro de 2025, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologou a nova composição do diretório estadual. A lista oficial surpreendeu pela ausência de Zé e Wolney Queiroz. Em seus lugares, Lupi designou novos integrantes, entre eles André Roberto Menegotto, como secretário, e Daniel Etur Martins Pereira, como tesoureiro, além de outros membros e uma consultora jurídica.
Contexto político e histórico
A família Queiroz exercia papel central no PDT pernambucano desde os anos 1990. Zé Queiroz, ex-prefeito de Caruaru e figura histórica da legenda, ocupava a presidência estadual havia décadas, com intervalos pontuais. Em 2023, ele voltou ao comando após Wolney Queiroz deixar o cargo para assumir o Ministério da Previdência no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — posto que havia sido anteriormente ocupado pelo próprio Carlos Lupi.
Mesmo fora da presidência, Wolney permaneceu como vice e manteve influência sobre a organização do partido. Pai e filho atuavam diretamente em articulações internas, especialmente em estratégias para as eleições municipais de 2024 e projeções para o pleito de 2026.
A destituição simultânea dos dois, somada à dissolução do diretório estadual, é considerada por lideranças internas uma das intervenções mais profundas já realizadas pela direção nacional no PDT de Pernambuco.
Novo panorama e possíveis impactos
Com Lupi no comando interino e uma nova equipe registrada no TSE, o PDT entra em fase de reorganização às vésperas das eleições de 2026. A saída da família Queiroz do núcleo dirigente abre espaço para reconfigurações de alianças e candidaturas, além de possíveis mudanças na estratégia eleitoral do partido no estado.
Ainda não há definição sobre a permanência da comissão provisória ou sobre a convocação de um novo diretório eleito, tema que deve ser discutido nas reuniões programadas pela executiva nacional. A expectativa é de que a legenda busque estabilizar sua estrutura interna antes de iniciar o processo formal de preparação para o próximo ciclo eleitoral.