Oi, leitores do Blog Capital!
Iremos nos encontrar aqui semanalmente para comentar assuntos do mundo digital, mas antes, vou me apresentar rapidamente.
Sou Marina Castro, Social Media e produtora de conteúdo para a internet desde 2012, também atuei como mentora do Garoa Habitat, do Porto Social e da Fundação Dom Cabral. Sou especialista em produção de conteúdo para políticos e órgãos públicos com passagens pelo governo municipal, estadual e federal. Nesta coluna, pretendo trazer os mais diversos temas do mundo digital, dicas nerds de filmes e séries, mas sempre buscando informar e opinar da melhor forma. Nossa coluna estará sempre aberta a sugestões e a disposição de quem precisar.
Boa leitura,
Marina Castro.
Confusão Digital: o caso da Prefeitura de Timon
O ano na cidade de Timon, no Maranhão, começou bem agitado. Acontece que logo após a solenidade de posse o prefeito eleito Rafael Brito (PSB), revelou durante uma entrevista para o radialista Eliézio Silva, que a ex-prefeita, Dinair Veloso (PDT), não havia deixado a senha do instagram da Prefeitura de Timon. “Ela não deixou nem o Instagram da Prefeitura. A conta, que é da Prefeitura e não de uma gestão, caiu e criamos um novo para passar informações à população”, disse Rafael e esse depoimento viralizou rapidamente nas redes sociais.
A nova equipe de comunicação agiu rapidamente, aproveitando o hype das declarações do novo prefeito, Rafael Brito, que foram viralizadas na internet, acabaram criando uma nova conta e conseguindo nas primeiras horas atingir mais de 17 mil seguidores. Para muitas gestões, o Instagram se transformou em uma das principais ferramentas de repasse de informação entre a administração pública e os cidadãos. Uma ótima saída quando a verba para investir em comunicação é curta. A partir desses fatos, vem o questionamento: quem toma conta das redes sociais de uma gestão pública conhece a palavra ética?
Numa pesquisa rápida entende-se que ética é a reflexão moral acerca de uma ação e na prática podemos dizer que ela está diretamente relacionada com a moral e também com as nossas atitudes. Trazendo pra realidade: se você fosse um profissional de marketing e trabalhasse na prefeitura de Timon iria realmente tirar a rede social do ar, mudar a senha e desaparecer no meio do mundo? Infelizmente situações como essa confusão digital ocorrida em Timon ainda são bem comuns no Brasil.
Grande parte dessas redes sociais pertencem a Meta, que no caso de Timon foi informada sobre o ocorrido na cidade e que reativou o Instagram da Prefeitura alguns dias depois de alguns pedidos formais serem feitos a empresa Meta, que na minha opinião já deveria ter criado algo que oferecesse mais segurança as gestões públicas e também garantisse que situações como as da cidade localizada no leste do Maranhão não acontecessem mais.
Ainda não existe uma lei que regulamente o uso das redes sociais por órgãos públicos, é provável que nos próximos anos, com o avanço da internet e com a chegada de novos recursos como a famosa Inteligência Artificial, esse assunto poderá virar um debate importante na Câmara dos Deputados ou até mesmo no Senado Federal que incluísse ao lado de leis como a Lei do Marco Civil da Internet (Lei 12.965, de 2014), a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e a PL 2.630/2020 (PL das Fake News) alguma forma de regulamentar o uso das redes sociais por órgãos públicos e até mesmo privados.
O episódio de Timon é mais um reflexo da confusão entre o público e o privado no digital. E é sim, importante que se repense o jeito como os canais públicos de comunicação digital precisam ser tratados e posicionados. Afinal a comunicação e um governo não deve jamais pertencer a um gestor, ela precisa ser a ferramenta de comunicação entre a população e o poder público, visando acima de tudo o bem-estar de todos e não a interesses pessoais ou partidários.